05 novembro 2008

O presidente negro no porviroscópio lobatiano



A eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos foi entendida por muitas pessoas como uma vitória também dos negros. Longe de enveredar por questões étnicas (uma vez que raça é uma só: a humana, um bocado desumana ultimamente), tal fato me fez recordar uma obra de 1926 chamada O presidente negro, com subtítulo "choque entre as raças".

Publicado inicialmente no formato de folhetim no jornal A Manhã, o livro de Monteiro Lobato já anunciava a eleição de um presidente negro para os Estados Unidos. Os protagonistas da história tomam contato com o futuro através de um porviroscópio (que designação feliz!). Assim, toma-se contato com a disputa pela presidência dos Estados Unidos, no ano de 2228, em que concorrem um negro, um branco e uma mulher e quem vence é o negro.

Como se pode notar, antes mesmo da data prevista por Lobato, elege-se para o cargo de presidente dos Estados Unidos um negro. Efeito da pós-modernidade que abriu espaço para as ditas "minorias" ou jogo de cena para se fortalecer no cenário mundial, o fato é que Lobato tinha mesmo visão de futuro, era um modernista!

Afinal, quem sabe se Lobato não roubou esse porviroscópio da canastrinha da Emília, olhou para 2008 e na hora de escrever não errou para 2228??

Seja lá como for fica a dica de leitura de 1926, mas que traz uma temática tão atual. Bem acho melhor eu fechar minha torneirinha de asneiras por hoje!

Um comentário:

Vicente disse...

Olá, querida Cris.
vim visistar seu blog!

sobre a questão do presidenciável Obama ser eleito, vem como resposta a um processo histórico sim, mas não acredito que siga uma onda de libertação de séculos de opressão negra, quase não se configura nem um primeiro passo para tal objetivo.

a imagem de um presidente negro que representa em sua própria origem, a globalização e a diversidade norte-americana, na realidade vem como uma maneira de dar uma nova cara ao imperialismo norte-americano que, com o desgaste que o neo-liberalismo proporcionou aos EUA (com a guerra do Iraque e seguidas políticas polêmicas de um presidente extremamente conservador), estava desgastado em quase todo o mundo.

Barack Obama, eleito através de eleições que movimentaram intensamente o povo americano, serve de máscara para um sistema podre, que explora os pobres para continuar lucrando alto. E o processo histórico que ele é resultado é o desenvolvimento do capitalismo e a necessidade de renovação da burocracia de Estado e da cara do governo.

acho que é isso.
beijos!
Vicente Gomide.